O que é montagem? A pergunta surgiu logo depois da fundação da edt., Associação de Profissionais de Edição Audiovisual, em março de 2012. Uma das primeiras conseqüências de tão diversificado agrupamento foi a Mostra de Cinema de Montagem, iniciativa de alguns associados. O evento levou à Caixa Cultural filmes que tinham elementos de linguagem relevantes para nós, editores e montadores, e, muito melhor, para um público “civil”. Numa demonstração dos valores da edt., criou-se um concurso para a vinheta da mostra, formando canais de autoria para os associados. O que é montagem? Para quem se isola “na ilha”, para quem vê a vida passar num monitor, pergunta danada, cabra. Qualquer um de nós teria uma resposta melhor e diferente. Para os diretores, fotógrafos, produtores, diretores de arte, galera da pesada, motoristas, limpeza, as respostas seriam outras. Melhores e diferentes. Para o espectador da mostra, então, o que seria montagem? Decidi perguntar isso a colegas de profissão. Pude fazer isso em três situações distintas. Uma festa de confraternização numa produtora, um dia de trabalho cotidiano em outra, um festival de cinema internacional, o FAM. O que é montagem? As respostas são muitas, melhores e diferentes. Nessa montagem, como em quase todas: manipulação. Usei os sons diretos, coloquei música, ditei o ritmo, fotografei catálogos e livros. Determinei os planos, a duração de cada um, a ordem em que seriam vistos. Por mais que isso pareça um exercício solitário, a ilha e o monitor, o montador e a faca, o gume no olho, na vida que eu monto o segredo é ouvir.
Formado em Cinema e Jornalismo pela Universidade de Brasília – UnB, em 1988, Piu Gomes é editor e montador cinematográfico há 26 anos. Também atua como diretor e editor de vídeos publicitários, institucionais e musicais para produtoras independentes do Rio de Janeiro e Brasília e para emissoras de televisão. Montou de três longas e sete curtas, entre documentários e ficção.
* texto publicado originalmente no Videoguru