Seção Match Frame Eduardo Escorel

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Eduardo Escorel - Foto de Eliane Coster Foto de Eliane Coster[/caption] Eduardo Escorel é montador de filmes exemplares da cinematografia brasileira, entre eles: Macunaíma (1969), Eles não usam black-tie (1981), Cabra marcado para morrer (1984), Santiago (2007) e No intenso agora (2017).

* Fale um pouco sobre o início de sua carreira. O que te levou a ser montador?

Comecei a montar, em 1965, ainda aprendiz de Joaquim Pedro de Andrade, com quem montei O padre e a moça, filme do qual tinha sido assistente de direção e responsável pelo som guia durante a filmagem. Depois, montei alguns curta-metragens, além do primeiro filme que dirigi, em 1966, a quatro mãos com Júlio Bressane – Bethânia bem de perto – que também fotografei e fui o câmera. Ainda em 1966 e até o início de 1967, montei Terra em transe, de Glauber Rocha.

A partir de Terra em transe passei a ser solicitado para montar filmes de outros diretores do Cinema Novo, lembrando que na época havia poucos montadores jovens ligados àquele grupo de realizadores – João Ramiro Mello (1934 – 2003), que dirigiu Romeiros da guia (1962) com Vladimir Carvalho, era um dos únicos. Trabalhar como montador era uma forma de aprendizado e profissionalização que levei adiante, enquanto dirigi, entre 1969 e 1974, outros curtas-metragens e um documentário de longa-metragem, Isto é Pelé (co-dirigido por Luiz Carlos Barreto), até realizar Lição de amor, o primeiro filme de ficção, em 1975.

* Fale sobre o projeto em que você está trabalhando atualmente.

Recentemente, montei com Laís Lifschitz No intenso agora, de João Salles, lançado em novembro de 2016, e com Bárbara Daniel A fera na selva, de Paulo Betti, ainda inédito. Em março de 2018 foi lançado Imagens do Estado Novo – 1937-45, realizado entre 2003 e 2015, documentário que dirigi e montei com Pedro Bronz.

Também em março deste ano iniciei as gravações de um novo documentário sobre o qual ainda é cedo para falar.

Minhas atividades, nos últimos 10 anos, incluem posts semanais para o site da revista piauí e aulas na pós-graduação em Cinema Documentário da Fundação Getúlio Vargas, curso do qual sou também o coordenador.

* Qual foi o trabalho que significou o maior desafio em sua carreira e explique o porquê.

Meu maior desafio talvez tenha sido montar Terra em transe aos 21 anos de idade, dada minha falta de experiência e conhecimento, na época. Em compensação, depois de montar Terra em transe, durante um bom tempo, nada mais me pareceu impossível.

* As recentes mudanças tecnológicas tiveram algum impacto sobre a sua forma de pensar a montagem e realizar a montagem?

Para mim, as mudanças tecnológicas tornaram a montagem, uma atividade mais lúdica e prazerosa, principalmente pelo fato de não operar os programas de edição, contando para isso com entusiastas de outra geração. Montar tornou-se então um exercício intelectual, mais do que tudo.

* Indique um filme cuja edição você admire e explique o porquê.

Indico dois: Jôgo de cena (2007), de Eduardo Coutinho, montado por Jordana Berg; e Elena (2012), de Petra Costa, montado por Marília Moraes, Tina Braz e Idê Lacreta.

* Como você acha que a associação pode contribuir para a nossa categoria? Você já notou alguma mudança? Tem alguma sugestão?

Não pretendo ter lições a dar. Terem criado e mantido a associação até agora já é uma contribuição importante. Além de fortalecerem elos pessoais afetivos e de convivência entre a(o)s editora(e)s, creio que os principais objetivos da associação talvez devam ser educativos, profissionais e informativos.

Eduardo Escorel

Abril, 2018

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